Capitulo 4 – Indefinida
Fomos andando enquanto ela me falava sobre os lugares:
-Ali é o anfiteatro, ali são os estábulos dos pégasos . – ela ia falando. Quando
chegamos aos primeiros chalés, ela disse:
-E aqui são os chalés.
Olhei para as duas construções de mármore á minha frente. Percebi que era um
lado para os deuses e outro para as deusas. Mas eram tantos!
- Pensei que só tivessem doze deuses olimpianos. Por que tem tantos chalés por
aqui?
- Antes só tínhamos doze chalés, mas tivemos problemas, os campistas indefinidos
se juntaram á Cronos, na grande batalha e os deuses e o mundo foram quase destruídos.
Então construímos chalés para os deuses menores também, como Nêmesis e Hécate.
Além de os deuses terem feito a promessa de reclamar todos os seus filhos aos treze
anos. – Ela falou.
- Cara, isso tudo acontecendo, e eu sentada numa cadeira velha de escola.
- É, você perdeu toda a diversão – ela riu sarcasticamente.
Andamos um tempo em silêncio. Então ela ficou me analisando, de cima á baixo.
- Hmmm, olhos azuis, cabelos pretos ondulados, expressiva, mandona, não gosta
de ser contrariada…
-O que está fazendo? – perguntei.
-Analisando seu perfil, pra tentar descobrir quem é seu pai, ué.
Ela agia como se eu devesse saber tudo sobre deuses e semideuses. E ela sabia
muito sobre mim pois fingiu ser minha professora. Respirei fundo. Ás vezes eu perdia o
controle e começava a gritar umas verdades.
- E estressada. – não acho que tenha deduzido isso sozinha.
- A que conclusão chegou?
- Você me lembra alguém.
-Quem?
- Não sei.
- Andamos, andamos e não saímos do lugar.
- Calma, logo você será reclamada.- ela deu uns tapinhas no meu ombro. – vamos,
depois e conhecer o chalé, temos que escolher uma arma pra você.
Armas, legal, eu queria mesmo matar alguém, ou só bater mesmo.
Do nada ela parou e eu esbarrei nela.
- Chegamos. O chalé de Hermes!
Tinha cerca de meia dúzia de garotos e garotas que me olharam com um olhar
furtivo. As beliches ficavam encostados na parede. Do nada me veio a lembrança: Hermes
também é o deus dos ladrões. Sem problemas, eu não tinha nada para ser roubado
mesmo.
- Pessoal, essa é Jessie, acabou de chegar ao acampamento. – anunciou Melody. O
que eu achei totalmente desnecessário.
-É nós vimos!- Um deles disse. Ouvi risadinhas.
-Tudo bem, – disse um outro – ela pode ficar naquele beliche, por enquanto.
Ele apontou para a cama ao lado da parede esquerda, tinha uma garota em baixo,
então eu ficaria em cima.
- Obrigada Connor. – agradeceu Melody. E depois para mim : – vamos te arranjar
um muda de roupas e armamento.
Saímos do chalé. Já passava do meio-dia. Geralmente eu estaria devorando meu
almoço, mas ser atacada por um dragão tirou totalmente a minha fome. E eu não perdia a
fome facilmente.
Seguimos para o arsenal.
No caminho fui pensando, como tudo pode mudar em uma manhã. E pela primeira
vez, pensei na minha mãe. Sabe, ela não tem muito tempo pra mim, mas tem o tempo que
for preciso para os passarinhos. “Eles estão entrando em extinção. Preciso fazer alguma
coisa” era a sua desculpa. Mas ela nem notaria que eu sumi, chega muito cansada á noite,
só falava comigo de manhã, para me acordar, e dar o dinheiro pro caso de eu precisar de
algo, somente. Mas eu sabia que ela me amava, e que me achava parecida com meu pai.
Tinha que dar um jeito de ligar para ela depois.
Não que eu me importe com isso, eu até acho legal, faço tudo sozinha, e sou livre,
como se não tivesse uma mãe para mandar em mim.
-Venha entre. – Mel interrompeu meus pensamentos. E começou a despejar
palavras em cima de mim:
-Você pode ser filha de Apolo também, nesse caso arco e flecha é o ideal. Ou não
pode preferir espadas, lanças e facas, dependendo do seu pai. Não parece ser filha de
Apolo. Tome segure a espada.
Segurei, ou pelo menos tentei segurar. A espada era pesada demais eu mal
conseguia levantá-la do chão.
-Acho que não – falei. Melody apenas me analisou de novo, e me entregou uma
faca de mais ou menos vinte e cinco centímetros.
- É sempre bom ter uma faca, pro caso de perder a arma principal, assim você não
fica sem ter como lutar.
- Ok. – achei aquilo… interessante.
E seguimos experimentando um monte de espadas e lanças, desisti do arco e flecha
quando tentei lançar uma flecha, E ela acertou o teto, mesmo eu tendo mirado a porta.
Nada servia.
Já devia passar das três quando desistimos das espadas também.
Nada de espada, nada de arco e flecha. Para mim só restava lança. E nenhuma se
equilibrava em minhas mãos. Eu não tinha sorte mesmo. Isso era óbvio. Resolvemos que
eu deveria pedir para alguém do chalé de Hefesto fazer uma arma para mim, assim que eu
descobrisse qual era a melhor de acordo com o meu pai olimpiano. Por enquanto, eu fiquei
com uma lança, leve de mais, que subia demais com o menor esforço que eu fizesse para
levantá-la. Mas Melody dissera que era melhor uma lança mais leve, que eu conseguisse
levantar, do que uma mais pesada, que eu não conseguisse tirar do chão.
Já deviam ser cinco da tarde, quando voltamos para o chalé. Já estava
escurecendo.
Quando chegamos á porta, o tal Connor, estava jogando vídeo game, eu não sabia
de onde el tinha tirado aquilo, quando tinha ido lá mais cedo, aquilo não estava ali.
- Connor! – Melody chamou.
- Estou passando de nível. Dá para esperar? – Ele gritou de volta.
- Travis! – Melody chamou dessa vez.
De trás da porta, saiu um garoto parecido com Connor. O que aquele garoto era
igualzinho á Connor. Deviam ser irmãos.
- Sim, Melody. – ele parecia ter uma queda por ela.
- Preciso que consiga, uma muda de roupas para Jessie, tenho que voltar para o
chalé agora. Demorou mais do que eu pensei.
- Como quiser Melody. – e saiu correndo. Esbarrou com o David, acho que esse tal
David era irmão de Melody.
- Mel – ele bradou.
- Algum problema? – ela gritou de volta.
- Não. – ele deu um sorriso, de orgulho. – Só achei que você ia querer, sei lá, tomar
um banho, ver seus irmãos.
- Claro, estou indo! – e para mim: – tchau Jessie, e, ah, sete e meia siga o pessoal
do chalé, para o jantar.
E saiu correndo, fiquei olhando até ela e seu meio-irmão entrarem num chalé
dourado, que parecia perder seu brilho ao anoitecer.
Entrei no chalé, e segui para a “minha beliche”. Deitei nela pensando no dia que
tive. Tentei assimilar todas as informações que tinha recebido. Não era fácil. Lembrei de
algumas aulas. Tentando achar desculpar para alguma coisa. Fiquei vagando na mitologia
grega, lembrei de Quiron, e de nomes de deuses: Dionisio, Artemis, a irmã gêmea de
Apolo, Hera, Afrodite. Lembrei também de heróis, Teseu, Jasão, e Perseu meu favorito, só
por que não teve um fim trágico como a maioria dos heróis. Odeio aquele drama de morrer
por besteira, tipo, se você pode ficar vivo, por que morrer?
Travis chegou com a muda, olhou ao redor, e deixou os ombros caírem quando não
viu Melody. Então me deu a muda de roupas.
- Aqui. – ele falou ainda meio morgado.
- Obrigada. – falei sorrindo, senti um pouco de pena dele, Melody nem parecia notar
que ele gostava dela. Ele saiu, para fazer não sei o que.
Era uma blusa laranja com as palavras “Acampamento meio-sangue” escritas nela,
e uma calça jeans. Do meu número exato. Deitei de novo. E fiquei entre meus devaneios.
- Seja bem-vinda. – falou uma voz de garoto. Levantei assustada. Olhei para baixo,
lá estava um garoto, de cabelos pretos, olhos também pretos, profundos, grandes e meio
puxados. e pele incrivelmente branca, o contraste o fazia muito bonito, parecia ter, sei lá,
uns quinze anos.
- Ah, hmm, obrigada… – eu não sabia o nome dele.
- Luca Chay – ele me completou
- Luca – repeti, sorrindo.
- Então, você é a garota do dragão. – ele sorriu de volta
- É parece que sou. – essa era nova. – Jessie. – me apresentei.
- Só Jessie?
- Jessica Katherine Parker – estava tão acostumada com meu apelido, que agia
como se fosse meu nome.
- Indefinida?
- É, e você?
- Também.
Estranhei.
- Há quanto tempo está aqui?
- Desde o meio do ano passado, vai fazer um ano depois de amanhã.
Pensei que os deuses reclamassem, logo seus filhos. Mas não disse isso para ele,
poia ficar magoado.
- Sei o que está pensando: que eu já devia ter sido reclamado. – ele falou sorrindo,
como se não tivesse problema ser ignorado. – É estranho eu sei, Hermes praticamente me
adotou, então estou feliz.
-Sério? – falei sem conseguir deixar de ficar surpresa.
Ele deu um pulo e sentou ao meu lado no colchão.
- Sério. Então não se preocupa, tá? Vai ficar tudo bem.
Eu não podia acreditar, aquele garoto que mal me conhecia e estava tentando me
consolar, dizendo que ia ficar tudo bem, quando ele mesmo não devia estar bem.
- Puxa, obrigada.
- Disponha. Então de que banda você gosta?
Ficamos conversando pelo que me pareceram horas. Eu não cansava de falar com
ele, ele também parecia alegre, nós rimos e rimos. Foi a primeira pessoa que realmente
parou e conversou comigo, e não estava tentando descobrir de quem eu era filha, isso não
importava para ele, só estava conversando comigo, como se fossemos normais. E isso
me deixou muito feliz. Ficamos nessas conversas até Connor parar de jogar o vídeo game
novo e gritar:
-Hora do jantar pessoal! Agrupar!
Todos já sabiam o que fazer: formaram uma fila, com Connor e Travis liderando, eu
só segui o pessoal. E fomos para o pavilhão do refeitório.
Todos os chalés estavam indo em fila para jantar. Sentamos na mesa de Hermes,
e umas garotas saídas da floresta vieram nos servir. Elas nãso pareciam garotas comuns,
sei lá, tinha algo de estranho nelas. Então pensei que talvez elas fossem aqueles espíritos
da floresta… esqueci o nome. Elas botaram a comida, tinha de tudo… que era saudável.
Ok, agora eu estava com fome, mas quando fui comer todos se levantaram,e
começaram a jogar parte da comida no fogo, e era logo a parte boa da comida, a melhor
parte.
Segui o chalé como sempre. Eles murmuravam o nome “Hermes” e raramente o
de outros deuses. Era uma oferenda. Como eu não sabia quem era meu pai, murmurei: “
todos os deuses.”. Tipo, eu tinha pena dos deuses que não tinham filhos para lhe dar
oferendas tipo, sei lá. Hera.
Voltamos e comemos. Depois teve fogueira e cantoria com o chalé de Apolo. Depois
fomos para o chalé dormir. Ouvi vários “boa noites” e murmurei um também. Dormi assim
que fechei os olhos, e dessa vez, não tive pesadelos.
Capitulo 5 – No Acampamento
Abri os olhos. Ainda estava escuro, e eu não estava com sono, tinha dormido muito
bem noite passada. Tentei dormir de novo mas não consegui. Resolvi então tomar banho e
sair do chalé, dar uma volta.
Ninguém mais tinha acordado, vi Travis e Connor dormindo. Vi também Luca
dormindo, ele se mexeu, e eu saí rápido, não queria acordar ninguém. Fui para a praia, o
mar estava agitado. Olhei para longe, vi a linha do horizonte, era lindo ver como o céu se
juntava ao mar enquanto o Sol nascia, a cena era incrível.
- Lindo, não é?
Me assustei, pelo visto todo mundo gostava de assustar os novatos por aqui.
Olhei para ver quem era. Confesso que fiquei meio surpresa de ver alguém acordado tão
cedo, mas ali estava ele, David filho de Apolo. Ele usava calça jeans, tênis e a camisa
do acampamento. Estava com um fone de ouvido o outro pendia no ombro direito. Me
recuperei do susto e da surpresa. Eu tinha ficado aborrecida, respirei fundo.
- É.
- Ártemis dando lugar á Apolo. – ele refletiu. E depois de um tempo olhou para mim:
- Sempre acorda assim tão cedo?
-Não. – respirei fundo. Aquele lugar estava cheio de doidos. E pelo visto, eu era a
mais nova doida do hospício. – Geralmente minha mãe me acorda. Mas não estou com
sono.
- Ah.
Ficamos um bom tempo em silêncio. Uma pergunta veio á minha cabeça, mas
eu não sabia se queria fazê-la. Fiquei um tempo pensando se faria ou não. Por fim a
curiosidade venceu.
- David.
-Sim?
- Como é… – ele me fitava tentando entender minha pergunta – Olha, eu sou nova
nisso, de deuses, monstros e essas coisas. Queria saber como é…
- A vida de um semideus? – Perguntou.
Não. Não era isso que eu queria saber. Eu tinha o perfil da vida de um semideus na
cabeça. Mesmo eu nunca tendo realmente vivido isso, era como eu esperava que fosse, a
vida de um meio-sangue.
Na verdade eu quis perguntar como era ser reclamado, tipo, eu não queria ficar
como Luca, não queria que o meu pai me ignorasse. Mas pensei que não queria mesmo
perguntar aquilo para David, sabe, ele não foi uma das melhores pessoas que conheci no
acampamento.
- É. – menti.
O rosto dele ficou pensativo.
-Não é a melhor coisa do mundo.
Estranhei. Será que nenhum semideus gostava de ser semideus por aqui?
- Por que ninguém aqui gosta de ser meio-sangue? – perguntei incrédula.
-Por que não somos masoquistas. – ele falou, grosso de mais pro meu gosto.
- Mas vocês são filhos de deuses. Não podem se orgulhar disso?
- Como você disse, você é nova aqui. Logo vai entender que toda moeda tem dois
lados. Nós não mandamos em nossas próprias vidas. As parcas, o oráculo, os deuses
são eles que decidem por nós. Se um deus quer te fulminar, ele pode fazê-lo. Se as
parcas cortarem o fio da sua vida, não tem pra onde correr. Muitos de nós lutam para
morrer, sabendo que vão morrer.
Tive a sensação que ele já vivenciou aquilo.
- Está dizendo que ser um semideus é ruim? – eu estava ficando com raiva.
Descobrir que eu era uma semideusa foi a melhor coisa que me aconteceu.
- Não. Estou dizendo que tem seu lado ruim…
- Como tudo na vida. Ser mortal também não é o paraíso. – o interrompi.
- … E ás vezes, o lado ruim é pior que o bom. – prosseguiu como se não tivesse
sido interrompido.
- Ah, eu não estou acreditando no que você está me dizendo. Vocês são loucos. –
falei quase gritando.
Ele me respondeu no mesmo tom.
- Você não sabe nada sobre esse mundo, – ele estava totalmente vermelho. – você
nunca foi numa missão, você nunca passou pelo que eu passei, você nunca perdeu… – ele
se interrompeu. – Você não entende.
Se virou e saiu, assim mesmo. Me deixou lá plantada. Morri de raiva. Droga. Aquele
idiota tinha acabado com o meu dia mesmo antes dele começar.
Achei que aquela briga tivesse sido desnecessária, mas isso não me impedia de
sentir raiva dele.
Chutei areia. Olhei para o céu, estava totalmente azul, sem nuvens, e o Sol ainda
estava baixo, estava lindo. Totalmente indiferente á minha raiva. Olhar pro céu me deixou
um pouco mais tranquila.
Fiquei lá pensando na conversa, até que alguém disse:
- Hey Jessie! – Era a voz de Matt. Me virei e lá estava meu velho amigo metade
cabra.
Lembrei que não tínhamos falado sobre isso ainda, sobre ele ser metade cabra
quero dizer.
- Ei Matt. – ele se aproximou. Quando estava perto falei: – Já pensou no que eu te
disse?
Ele pareceu confuso.
- Sobre o que?
- Sobre tirar essa enorme quantidade de pelos das suas… – eu ia dizer pernas,
mas não era o termo correto. – ãhn … se depilar. – brinquei com ele. Precisava aliviar um
pouco.
- Ah, – ele riu – essa eu passo.
Rimos juntos.
Agora eu sentia menos raiva.
- Cara, você nunca me falou nada sobre ser garoto-cabra. – falei quando paramos
um pouco de rir.
Ele pareceu ofendido. Pensei que ele devia mesmo guardar segredo, e não podia
me contar antes. Mas aí ele disse:
-É garoto-bode.
Pra mim isso é detalhe. Afinal, qual é a diferença, de cabra e bode? Tudo a mesma
coisa. Mas ele pareceu mesmo ofendido, então eu disse:
-Claro. Eu já sabia.
Ele não conseguiu evitar rir.
- O nome politicamente correto é sátiro.
- Hmm, sátiro, legal.
Pensando bem, agora eu entendia, o por quê das muletas, das calças e…
- Peraí. Como você usa tênis?
- Pés falsos.
- Ah, claro.
Ele ainda estava sorrindo quando disse:
- Já conseguiu arrumar uma briga né? Acho que você é filha de Ares. – ele deu uma
risadinha, eu também mas a minha foi meio forçada.
- Está errado. Por que eles não gostam disso? Melody e David, não gostam de ser
meio-sangues. Por que? – protestei.
- Não sei se devo te contar. Mas resumindo: eles perderam uma pessoa muito
importante numa missão.
Tá certo, eu não queria ser fria, mas hoje em dia era comum mortes, não devia ser
diferente com semideuses.
- Como?
- Digamos que ela quis mudar seu destino, que já estava selado. Foi uma morte
horrível.
- Ah. – Matt não iria contar mais que isso. Fiquei imaginando que tipo de morte teria
sido essa, para traumatiza-los a tal ponto. Deve ter sido horrível mesmo.
Houve um silêncio constrangedor. E Matt mudou de assunto.
- Vai participar do capture a bandeira na sexta né?
- O que é isso?
-É um jogo onde os chalés se juntam e formam duas equipes: azul e vermelho.
Cada um tem uma bandeira, e quem capturar a bandeira do outro primeiro vence. –
explicou ele.
- Parece legal.
- E é.
Conversamos mais um pouco até que ele precisou ir. Não entendi muito bem o que
ele ia fazer, algo como “ tentar beijar as ninfas”.
Eu fiquei lá sozinha por mais cinco minutos antes de aquela garota a tal Annabeth
vir me analisar.
Ela veio até onde eu estava.
- Olá. – falou me analisando mais de perto.
- Ooi. – falei, achando estranho uma garota, que eu mal conhecia ficar me
analisando daquele jeito.
- De onde você é?
- Nasci no Texas, mas minha mãe e eu nos mudamos.
- Ah. – ela falou. De repente seu rosto clareou. – lembrei.
-O que?
- Você me lembra uma amiga minha.
Agora ele estava com um rosto sério, como se tivesse resolvendo um problema de
matemática.
Fiquei esperançosa.
- Sério? Quem?
- Ei Annabeth, Quiron está chamando você e a garota nova para o treinamento de
arco e flecha.
Era o namorado de Annabeth.
- Ok, já estamos indo, Percy. – e para mim disse: – vamos.
Estava tão distraída, com o fato de ela achar que eu parecia uma amiga dela, que
esqueci que não sabia atirar com arco e flecha. Não era por que era amiga de Annabeth, é
só que se eu parecia com essa tal garota, eu podia ser meio-irmã dela. Mel também tinha
mencionado algo sobre eu lembrar alguém.
Annabeth ficou muito ocupada depois que chegamos aos alvos de forma que não
falamos mais sobre a tal amiga. Quando tentei convencer Quiron que não tinha jeito com
arco e flecha ele não acreditou e me fez provar. Fiz o melhor que pude, o que não impediu
a flecha de acertar o topo da árvore onde estava pendurado o alvo, mas não o meu alvo, a
árvore do alvo de Quiron, que estava á cinco árvores da minha.
Ele me levou para treinar lança e espada, com os quais eu me saía melhor, embora
não encontrasse uma arma equilibrada.
E o resto da semana passou assim, treinar, refeitório nada de mais.
Eu tinha chegado ali na segunda de manhã. Percebi que tinha sido atacada logo
na primeira aula, legal. Não tinha falado com minha mãe ainda. Podia até ser maldade,
mas eu simplesmente não estava afim de explicar tudo para ela, então pedi que Quiron
o fizesse. Ele disse que ia mandar um Mensagem Instantânea para minha mãe. Bem na
verdade ele disse que ia mandar uma M.I, o que mais poderia ser uma M.I?
A sexta chegou. Capture a bandeira.
Quiron explicou, as regras eram simples: pegar a bandeira do outro time primeiro.
Não era permitido matar nem aleijar.
O chalé de Hermes tinha aliança com Atena, Íris, Poseidon, Hécate, Hefesto e
Hipnos éramos a equipe azul. Na equipe vermelha estavam Ares, Afrodite, Apolo, Hades,
Deméter e Dionisio. Acho que tinham mais mas eu não consegui nomear.
Annabeth era a estrategista principal da equipe, o que achei bom já que era filha de
Atena. Mas a única coisa que me mandou fazer foi: “ desviar a atenção da maioria deles
para longe da bandeira”. Tradução: Você é a isca.
Eu não lutava muito bem, então minha estratégia foi simples: surpresa. Eu não iria
fugir da luta óbvio, então decidi me esconder atrás de uma árvore e por minha lança no
caminho dos inimigos de surpresa, eles cairiam e nem saberiam o que os atingiu. E teria
dado certo se não fosse o idiota do David.